Você pode ser um bom motorista sem saber qual é a diferença entre um motor a diesel e outro a gasolina, assim como conseguimos nos expressar bem em português sem sabermos o que é uma oração subordinada. Você pode também falar línguas sem ter que estudá-las. Não quero aqui defender a idéia de que você não precisa se dedicar ao estudo de uma segunda língua, mas sim esclarecer o que é, e como se dá o processo de seu aprendizado.
A expressão "aprender inglês" está tão batida e surrada, que já não tem um significado muito claro. Vamos pensar o seguinte: se "aprender inglês" significa conhecer sua estrutura, saber formar frases interrogativas e negativas sem errar, decorar os verbos irregulares, algum vocabulário, então você já aprendeu no 2° grau e não precisa mais se preocupar - está pronto para este novo século, certo?
Se "aprender inglês" significa memorizar frases e expressões de forma mecânica e repetitiva, ter um certificado do Cursinho X, muitos de vocês também já estão prontos!
Todavia, se "aprender inglês" significa falar com naturalidade, sentir-se à vontade na presença de estrangeiros, acompanhar filmes e as notícias da CNN, argumentar, defender seus pontos de vista, comprar e vender em inglês, construir laços de amizade ou ainda, namorar em inglês, funcionar como um ser humano normalmente funciona em sociedade, então talvez você não esteja tão pronto assim.
Aprender inglês significa desenvolver habilidades funcionais. É o que a lingüística moderna denomina de aquisição da linguagem ou assimilação natural. É um processo semelhante ao de assimilação da língua materna pelas crianças. É reaprender a estruturar o pensamento, desta vez nas formas de uma nova língua. O aprendiz é protagonista e não espectador do processo ensino-aprendizagem, e sua realidade faz parte do contexto em que a comunicação ocorre.
Tenho visto e observado diferentes técnicas e abordagens no ensino de língua inglesa no Maranhão. Parece me que o compromisso com o ensino efetivo está sendo deixado de lado, dando espaço a um modelo simplista, mal fundamentado metodologicamente, visando fins lucrativos e só!
O modelo de ensino tradicional vem sendo substituído por um foco mais comunicativo, capacitando o aprendiz a ouvir, falar, escrever de forma autêntica, desde as primeiras aulas do nível inicial. Em uma aula nessa metodologia, o professor é um facilitador, colaborando e direcionando a aprendizagem, de maneira a providenciar circunstâncias para que o aluno pense e interaja na língua alvo. Além disso o professor considera as variações individuais de seus alunos, tais como motivação, ansiedade, inibições, dificuldades, status social etc.
Sem dúvida, a abordagem comunicativa representa uma evolução inteligente em direção a um ensino-aprendizado de línguas mais eficaz e centrado nas necessidades e interesses do aprendiz. É ela que inspira metodologias e técnicas mais eficazes nos dias de hoje. No entanto, serão menos eficazes se limitarem-se a atividades artificiais desprovidas de contextos autênticos e multiculturais. Convido, assim, você professor de línguas, a utilizar esse conhecimento teórico em sua prática de ensino e proporcionar aos seus alunos um aprendizado significativo.